segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A "indústria da tragédia alheia" e a nossa imprensa "de rapina"


Entre as coisas que eu acho ridículas estão a nossa "imprensa de rapina" e sua hábil exploração da "indústria da tragédia alheia".

Estou muito comovido com as últimas tragédias que ocorreram em função das chuvas em todo o Brasil. Eu já fui vítima de enchente e SENTI NA PELE O QUE É ISSO, portanto sei dizer exatamente o que se sente quando se vê a água entrando na sua casa impiedosamente e destruindo em alguns minutos o que se leva meses - às vezes, anos - para conseguir.

Mas calma aí... É tragédia de manhã, de tarde, de noite, de madrugada... Mostrando os mesmo lugares, as mesmas vítimas, reprisando cenas e depoimentos, como se fossem inéditos... Mostrando pessoas chorando e se lamentando por tudo que perderam - quando não perderam a vida - e o que pretendem fazer daí pra frente.

Gente, seria maravilhoso (e muito mais útil à sociedade) que ao invés dessa nossa imprensa movida a desgraça só dizer o que está errado e como as pessoas estão perdendo tudo e como as pessoas que perderam entes queridos estão sofrendo fossem feitas ações de recolhimento de doações e de itens de alimentação, higiene pessoal, e outros itens indispensáveis para ajudar estas pessoas a terem seu sofrimento diminuído ou amenizado. Onde estão estas campanhas? Como eu colaboro? Não sei, infelizmente... Mas sei exatamente porque a terra em Ilha Grande cedeu sobre a pousada, porque já ouvi os geólogos deram a mesma explicação em 4 canais diferentes em todos os horários possíveis...


Sinceramente eu considero ridícula a forma como a imprensa explora a desgraça alheia! Pra mim, não passam de aves de rapina - Urubus, mesmo - comendo a "carniça" da desgraça alheia e deixando apenas a "ossada" que são as vítimas e as demais pessoas que sofreram com as tragédias, e voando em busca de mais "carniça" pra se alimentar e outras vítimas pra entrevistar e popular seus diversos programas "jornalísticos"...
Que nojo!!!

2 comentários:

  1. Nem sei se a imprensa é a principal culpada por esse tipo de divulgação, já que a mesma sobrevive através da audiência, e essa sim, é bastante mórbida quando o assunto é assistir a tragédia alheia. Já até escrevi sobre isso no meu blog.

    Mas concordo que a imprensa poderia ajudar mais se mostrasse menos a tragédia e mais como ajudar as vitimas.

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  2. Exatamente,
    Eu havia esquecido deste pequeno detalhe que faz toda a diferença: O "zé povinho" brasileiro...
    A "indústria da desgraça" sobrevive porque há consumidores deste tipo de "produto".
    Se você tem um programa falando de ações sociais e de coisas benéficas à população, como é o caso do programa "Ação" da Rede Globo (http://acao.globo.com/) o mesmo é exibido de madrugada ou então de manhã tão cedo que não dá pra acompanhar de forma decente. O "Ação" é exibido 7:30 da manhã, sem direito à reprise, enquanto tragédias e desgraças são exibidas o dia inteiro, nos três turnos de programação (manhã, tarde e noite).
    É vergonhoso que exista um país onde a população prefira ver tragédia e desgraça em tempo integral do que programas que tragam cultura e utilidade pública.
    E a cada dia eu duvido mais da capacidade de recuperação do povo brasileiro.

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